domingo, 26 de agosto de 2012

A escassa liberdade...

Oh liberdade, Deusa maravilhosa a qual todos nós, Seres Humanos somos assistidos, graças ao tão onipotente livre arbítrio... Errado, não é bem assim se pararmos para refletir friamente, sem nenhum conceito ou pré conceito estabelecido e imposto pela sociedade em nossas mentes. Vamos analizar isto juntos:

Primeiramente, o que é liberdade?
Liberdade é classificada pela filosofia, como a independência do ser humano, o poder de ter autonomia e espontaneidade. Liberdade significa o direito de ir e vir, de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre e não depender de ninguém.

Agora reflitamos seriamente e individualmente, temos liberdade?
Vou ajudá-los a refletir, pois eu sinceramente cheguei a conclusão que não tenho liberdade nenhuma, e se tenho, é muito pouca...

Quem aqui nunca brigou com alguém?


Sem título


Óbvio que todo mundo já teve alguma desavença com alguém ou com alguma coisa e teve que limitar seu direito de ir e vir por causa do ocorrido, por exemplo: 


"João namorava com Maria, e em determinado momento eles terminaram, sendo que, de determinada forma, um não queria ver o outro nem pintado de ouro... Como passaram muito tempo juntos, tiveram vários amigos em comum e, passado certo tempo, foram ambos convidados para uma mesma festa. João ainda estava magoado com Maria, mas Maria já não estava mais nem ai pra João, pois já tinha outro em sua vida. Maria ficou sabendo que João foi convidado para a festa também, mas não ficou abalada, pois já havia resolvido seus sentimentos. João, como não havia digerido ainda o término do relacionamento, ainda tinha assuntos inacabados com Maria e por isso não se sentia bem em ir pra festa, pois veria Maria com o novo namorado..."


Vemos no presente caso que um, consegue passar por um evento da vida sem se martirizar, e por isso dizemos que esta pessoa é livre, pois pode ir e vir, sem que nada e nem ninguém, limite suas ações... Já o outro, por ter mágoas ou assuntos pendentes, mesmo que os queira ignorar, usando a inteligência ou os conselhos de amigos, não compreende de fato que o evento da vida (o namoro de ambos) já passou e que já não tem mais lugar no presente, ou seja, esta pessoa é escrava da outra, pois sua liberdade depende desta outra pessoa que, por ironia, nem a quer escravizar... Vemos que esta suposta escravidão está na nossa mente, sobre alguma forma de "nós mesmos", só que de um passado... Já dizia aquela musica: "Mas é você. Que ama o passado. E que não vê. É você. Que ama o passado. E que não vê. Que o novo sempre vem...". Não vemos que somos um amontoado de passado, revivendo isto que chamamos presente e não admitimos, por orgulho, que somos escravos, dizemos que temos liberdade, mas isso, na crua realidade dos FATOS se processa realmente?


Vou dar outro exemplo que ajudará muito a refletir:
Eu não bebo, mas todo mundo me pergunta porquê... Todos perguntam, porque digamos, é "normal" beber, segundo os padrões da sociedade na qual vivemos...
Se alguém bebe, ninguém pergunta porque... Pois como disse, é "normal" que as pessoas bebam, já que as diversões, que são as baladas, os barsinhos, as festas e as reuniões, são em sua grande maioria regadas a álcool...
Então se ninguém pergunta, vou perguntar... Porquê as pessoas bebem?

- Ah, as pessoas bebem porque gostam...


- Verdade? Ou será que são obrigadas a beber pra se encaixar em determinados grupos sociais? Pois, convenhamos que se uma pessoa está num grupo de pessoas que bebem e ela não bebe, ela é meio que "expulsa" daquele grupo pois, por mais que haja amizade, em companhia das bebidas, as pessoas mudam, o que causa determinados choques que afastam-nas umas das outras... Não digo isto por suposições ou por pensamentos anti-bebidas, estou falando do que já senti na pele e que vejo ocorrendo por ai... Ou seja, ou sedemos a grande maioria para estar junto das pessoas ou ficamos sozinhos por tempo suficiente para encontrar-mos pessoas que não bebam também para nos fazer companhia... Não sei se compreendem, mas o que quero dizer com isso é que somos empurrados para beber e nos encaixar socialmente, se não bebemos, penamos pela solidão.


- Ah, as pessoas bebem para se divertir...


- Verdade? Ou será que bebem porque não conseguem trabalhar a sua timidez, sua vergonha de conversar com pessoas novas, etc... Pois se conseguissem, não precisariam desta "muleta" para se divertir nos lugares...


- Ah, tem pessoas que são timidas mesmo...


- Verdade? Então chegamos a conclusão que não são livres, pois há elementos dentro delas que impulsionam problemas de relacionamento que, se não existissem, não precisariam de bebidas, pois a bebida, nada mais é que um artificio para mascarar um problema que poderia ser resolvido mediante a um esforço, da própria pessoa, em resolver estes processos internos que a limitam...


- Ah, tá, mas porque NÃO beber então, sabichão?


Alcoholic effect!!!

 - Porque, de acordo com a minha experiência de vida, não há logica nenhuma em beber, pois, se o objetivo da bebida é me deixar alegre, não serve, pois não vou ficar alegre com o que de fato não é divertido... Além do que a bebida causa muitos efeitos colaterais (como desidratação, perca dos sentidos, destruição do figado e de outros órgãos que são essenciais para uma vida com qualidade, ou seja, quando precisamos do corpo sadio para fazer algo de suma importância não o temos, pois nós o castigamos e ai achamos super normal ir ao médico, encher de medicamentos desnecessários ou trocar um órgão pelo de outra pessoa...), fora as várias consequências que podem ocorrer com uma pessoa sob efeito alcoólico, como brigas, acidentes, quedas e outros problemas com a lei e com o relacionamento interpessoal...


Mas deixando os assuntos bebisticos de lado, o ponto a que quero chegar é que, determinados estados psicológicos limitam nossa ação e os ignoramos, ao invés de trabalha-los (não trabalhamos porque dá muito trabalho e a sociedade não ensina isto, ao contrário, incentiva estes estados psicológicos escravizantes, pois, convenhamos, dá lucro...), pois estes estados psicológicos são justamente aquilo que faz com que não nos importemos com a consequência que uma bebida tem em nosso corpo, ou um remédio pra dormir, ou ficar horas em frente a uma TV e por ai vai...


No magnânimo filme " O Clube da Luta", que deveria ser literalmente o que os críticos disseram: "uma porrada na mente!", está muito claro  tudo isso que quero dizer, mas como já estamos habituados a sermos escravos da mídia (pois nascemos escravos e isto não nos incomoda, por mais que isso doa), não vemos a transcendência das coisas ali expostas, pois fomos educados para ver as coisas com uma "normalidade" que, vista de fora (em sintese), é assombrosa... Sugiro que assistam este filme e prestem muita atenção nos diálogos e no propósito do filme. Segue uma frase dele para que possam começar a refletir sobre o assunto:


Durante o Making-of - Meus Amigos - Ciro Insatisfeito
"Que droga, uma geração inteira enchendo tanques de gasolina, servindo mesas, ou escravos do colarinho branco. Os anuncios nos fazem comprar carros e roupas, trabalhar em empregos que odiamos para comprar as porcarias que nao precisamos. Somos uma geração sem peso na história, cara. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Grande Guerra. Nem uma Grande Depressão. Nossa Grande Guerra é a guerra espiritual... nossa Grande Depressão é nossas vidas. Todos nós fomos criados vendo televisão para acreditar que um dia seríamos milionários, e deuses do cinema, e estrelas do rock. Mas nós não somos. Aos poucos vamos tomando consciência disso. E estamos muito, muito revoltados." - Tyler Durden - Clube da Luta

Nossa sociedade está enraizada na era do intelecto, e isto é justamente o que limita as pessoas e as priva de terem ações totalmente expôntâneas, pois já está tudo programado... Porque digo isto? Porque segundo os estudos gnósticos, o intelecto é baseado em comparações (o grande motivo de você ver estatísticas por todos os lados...), ou seja: "certo e errado", "bem e mal", "tese e antítese", são todos extremos de um mesmo problema, o que evita que tenhamos uma experiência real e direta sobre os fenômenos da vida, pois limitamos nossas experiências a tudo que é "agradável", "bom", "prazeroso" e por ai vai... Fazemos isso o tempo todo e achamos que isto é o certo, e não vemos a beleza de todas as coisas justamente porque estamos presos no "Eu não gosto", "Eu não faço", "Eu sou assim mesmo"... Vemos que temos muitos "Eu's" que nos limitam, não é verdade?

TeatroNão somos nem livres pra amar, pra fazer sexo, pra sermos humanos, pois tudo que existe, somos  obrigados a comparar, e por isso não experimentamos o que é novo, pois o novo, já está velho, pois está comparado a algo que vimos, ouvimos, sentimos em algum momento (que deveria ser encarado como uma etapa do aprendizado, mas tomamos como a experiência final sobre o assundo e a partir dali, vamos comparando até morrer...). Por isso do tédio, por isso das traições, por isso de tanto consumismo (que nos colocam na cabeça que ter as coisas supre este vazio que não tem fim dentro de nós...). Falta liberdade, porque somos egocêntricos... Vivemos aceitando e comparando opiniões e experiências através do intelecto, mas não verificamos a síntese dos fatos, justamente porque só passeamos de um extremo a outro, pela tese e pela antítese...

Temos que ser pessoas centradas no aqui e agora! Nada de passado (mágoas), nada de futuro (preocupações), temos que viver o presente sem amarras, pois devemos estar abertos a experiência do novo, de instante a instante, como uma criança descobrindo o mundo pela primeira vez. :)


Temos que sair destas dualidades que nos aprisionam e pisar igualmente sobre o que é supostamente bom e o que é supostamente mal, pois o justo, por mais que possa ser incompreensivel, É o que É, e é assim que deveriamos SER.


Espero que tenham gostado :)


Para finalizar, segue uma frase para que reflitam e que me foi sugerida por minha amada Luana, que abrilhanta minha vida com suas perspectivas (e que me atura nas filosofias praticas no diário viver...).


"Não é sinal de saúde estar bem ajustado a uma sociedade profundamente doente..." - J. Krishnamurti

Até a proxima!!!

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Tranquilidade